quinta-feira, 26 de julho de 2007

Como o Álvaro já adiantou...



Até onde se sabe, sou o primeiro integrante desse seleto grupo de desocupados a correr o risco de perpetuar a espécie. Com sucesso, apesar de evidentes semelhanças com o pai (cabelos e beiço).

Parem as máquinas

Atendendo o pedido do Cecconi que nos cobrava novos post e novidades, escrevo pela primeira vez na história deste blog, o link mais especial que o dia 25 de julho de 2007 pode ter, já que ninguém ainda o fez.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

O Bobo e o Touro Indomável

O Cecconi sempre foi um gaudério bigodudo escondido sob a pele de um branquelo careca do Alto da Bronze. E ele voltou às raízes sem nunca lá ter estado.

Eu sempre fui um exibido metido à besta. E sigo cultivando a tradição.

Movido por essa força imensa, eu tenho de registrar que conheci o Robert de Niro.

É isso. Obviamente, ele não me reconhecerá na rua. Mas por uns quarenta minutos eu estive na mesma sala que o Poderoso Chefão.

Na sexta-feira, o Taxi Driver esteve na minha aula para dar uma promovida no festival de cinema que ele organiza no bairro onde mora e onde fica a academia, TriBeCa.

Entrou, como se ninguém fosse se jogar em cima dele para pedir autógrafos. Sentou no auditório e conversou uns vinte minutos como qualquer mortal faria para divulgar uma mostrinha mequetrefe de filmes ruins.

Sentou lá. Colocou os pés em cima de uma cadeira. E falou.

Ele se parece com qualquer senhor de 64 anos. Meio curvado, mas com aquele olhar de chefão mafioso ou de taxista psicopata que pode te matar a qualquer momento.

Respondeu algumas perguntas do pessoal do curso de atuação. Uns quarenta minutos depois de ter chegado, se levantou agradeceu e foi embora. Sem estardalhaço. Sem robuliço.

Como um simples mortal.

(Talvez ele até fosse apreciar os prazeres do mate pura folha.)

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Contagem regressiva

Dentro de um mês o PV vai ser papai.

Joelho já tá tremendo, rapaz?

quarta-feira, 4 de julho de 2007

De Mailer e Talese, Without Toll At All

Sábado de sol com o céu claro e uma temperatura em torno de 20oC. Chegoo em Nova York para dois meses de estudos, que devem se tornar mais um dos turning points da minha vida. Um período sabático e turístico. Afinal somos jovens e temos que aproveitar.

De cara, começo a encontrar todos os estereótipos que vemos nos filmes. Logo na saída do aeroporto, pego um táxi dirigido por um indiano que sabia dizer bom dia, perguntar o endereço de destino e soletrar a tua resposta para se certificar de que vai te levar para o lugar certo. Só. Sem graça. Mas tem mais. No meio do caminho, o motorista cor de cinzas se vira para mim e pergunta num inglês macarrônico: Uei uiau tó éró? Eu faço uma cara de superioridade para deixar claro que não sou eu que entendo pouco a língua, mas ele que não sabe falar.

Depois de ler algumas placas na estrada, eu descubro que ele quer que eu escolha entre dois trajetos. Um que passa por um pedágio; outro, sem pedágios. Para mim, tanto faz. O pedágio está incluído no preço único da corrida entre o aeroporto e a cidade. “Vai pelo pedágio.” Não quero aumentar o lucro dele.

Ainda no caminho, passo por diversas daquelas placas de carros que realmente têm coisas do tipo: “BONJOVI6” ou “LUVRAP23”.

Todos os atendentes de restaurante e funcionários do prédio ou do metrô, por exemplo, são mexicanos. E ganham mais do que eu ou vocês. (Talvez o PV esteja ganhando mais. Afinal meus impostos têm que ir para alguma coisa produtiva.)

Hoje é o dia da indepência dos caras. Para curtir uma de turista verdadeiro, fui até o Ground Zero – onde estava o World Trade Center. Todos os verdadeiros americanos estavam lá. Zelando pelas almas dos seus bravos heróis. Do lado das obras, há um posto de recrutamento para o Exército. Não dá para duvidar da noção de oportunidade deles.

Mas o mais impressionante – e positivamente impressionante para mim – é como o pessoal daqui aproveita a cidade deles. Como eles se dedicam a ir aos parques curtir os finais de tarde. Como ninguém parece viver dentro daquela nossa paranóia de trabalhar, trabalhar e trabalhar mais um pouquinho. Às 17h, todo mundo está na rua. Trabalho só amanhã.

E vão para coisas como o Lincoln Center assistir a um show de música. Durante todo o verão, a prefeitura e outras instituições organizam esse tipo de coisa. Shows gratuitos só para celebrar os dias mais longos. Ontem, tinha umas duzentas pessoas dançando felizes da vida no Lincoln Center. Amanhã, estarão lá novamente.

Tudo without toll at all.

domingo, 1 de julho de 2007

Pérolas e porcos

Não se deve desperdiçar pérolas com os porcos. E mesmo feijão com arroz deve ser feito da forma certa.

Acho de um sem propósito absoluto essa discussão que tomou conta do blog sobre objetividade absoluta e espaço para new journalism (novo apenas nos anos 40). Como sempre vemos, mas parece que pouco aprendemos com isso, todas as ditaduras têm pés de barro muito macio. A ditadura de achar que o jornalismo objetivo é o único possível é tão perniciva quanto achar que o jornalismo literário, por alguma razão mágica que me escapa, é a solução para o que quer que apontemos como problemas presentes nas redações de jornais atualmente.

Adotar o jornalismo literário não vai resolver a falta de boas pautas, não vai melhorar a qualidade de repórteres e editores, muito menos melhorar a relação entre eles. E não acredito que pudesse aumentar a tiragem dos jornais.

Quando leio uma nota sobre como foi o dia da Bolsa de Valores ontem, não quero saber do investidor de 67 anos que queria pagar a festa de casamento da filha e mandar o jovem casal para uma lua-de-mel inesquecível no Taiti, mas perdeu tudo e se matou de desgosto. Nem sobre o jovem arrogante com um pequeno defeito na perna que depois de ter penado a infância inteira com as zombarias dos amiguinhos, deu uma tacada decisiva e comprou no mercado o controle da empresa em que ele havia começado a trabalhar como estagiário apenas sete anos antes. Eu quero saber se as ações subiram ou caíram. E quanto dinheiro eu posso ter perdido ou ganho nessa brincadeira.

Na verdade, eu dificilmente leio uma notícia sobre a Bolsa no dia seguinte. Já li tudo de que eu precisava ao vivo pela internet.

Eu aprendi que repórteres são bons não pela qualidade de seus textos, mas pela capacidade de cultivar boas fontes e apurar grandes histórias. (E ninguém me disse isso na faculdade.)

Só para citar dois casos concretos com quem trabalhei e deixar o texto menos opinativo: Roberto Cosso, ex-Folha de S.Paulo e atualmente comandando o site Última Instância; e Fausto Siqueira, ex-Estadão.

O Cosso cobria o Maluf durante 2002, quando todos os jornalistas do país estavam ocupados com as eleições para a Presidência. Eu era redator e tinha de reescrever inteiramente os textos truncados, as frases sem verbo e as idéias sem conexão do Cosso. Ele encontrou a até hoje negada conta no exterior da família Maluf. Uma conta nos Estados Unidos sob o código Beacon Hill. A operação Farol da Montanha da Polícia Federal e do Ministério Público veio daí.

O Fausto veste sempre calça jeans (a mesma) e uma camiseta Hering branca. Tem apenas um casaco de terno que ele pegou emprestado na TV Educativa para participar de um Roda Viva e foi embora sem devolver. O sonho dele e conseguir juntar R$ 1 milhão na poupança para poder se aposentar (e está quase conseguindo!).

Esse cara detonou a investigação contra o Judiciário estadual de São Paulo, naquilo que depois ganhou o nome de Operação Anaconda. Colocou juízes, promotores e um delegado da Polícia Federal atrás das grades.

Os dois escreviam (no caso do Cosso tentava escrever) com a maior objetividade possível. Duvido que tenham pensado em escrever alguma das histórias deles partindo do ponto de vista de um dos pobres que moram embaixo do Minhocão ou de alguém julgado pelo juiz Rocha Mattos. E eram geniais repórteres.

Não adianta querer escrever jornalismo literário sem o material próprio para isso. Jornalistas estão aí para prestar um serviço. São prestadores de serviço, embora isso seja às vezes muito difícil de entender. E o serviço é informar o mais clara, objetiva, correta e rapidamente possível. É isso que eu quero quando acesso a internet ou abro um jornal. Sem frescuras.

É a questão tão cultivada já foi resolvida. Todos nós consumimos livros reportagem. Aí sim está o espaço propício para uma grande história ser desenvolvida e contada como ela merece. É através deles que elas serão preservadas. Se os currículos das faculdades fossem alterados talvez pudéssemos ter cadeiras de Livros Reportagem ou Jornalismo Literário.

Não se deve desperdiçar pérolas com os porcos. E mesmo feijão com arroz deve ser feito da forma certa.

Vamos ao que interessa

Showrnalismo, new journalism, Norman Mailer e Gay Talesse... Enquanto os colegas abaixo discutem o sexo dos anjos do jornalismo, passa batido temas que realmente afligem os cidadãos de bem, como a extinção da TV Guaíba. É verdade que muita das atrações locais migrará para a Pampa, Ulbra TV e Canal 20 da NET, mas é bom se acostumar com a idéia de nunca mais poder assistir a um documetário alemão da Transtel ou com as atualidades dos anos 80 do Japão. As vinhetas pelo menos foram salvas por belas almas.