sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Voz do Povo Brasileiro e da Pequena Vitória

Diante da falta de espírito público de que se arroga meu amigo, e preocupado com a ausência que a figura paterna pode ter no desenvolvimento emocional de uma criança inocente, cubro-me com a toga dos probos e éticos dessa nação para reiterar as denúncias de descaso nos âmbitos público e privado demonstrado pelo missivista abaixo.

No primeiro parágrafo do texto, PV estufa triunfante e orgulhoso o peito para declarar sem meias palavras que "nada na minha longa biografia de homem público autoriza-o a acusar-me de aproveitador, indolente ou negligente com meus deveres familiares e profissionais". Esse ímpio homem público é o mesmo que no final do texto justifica seu salário incompatível com a miséria em que parcela significativa do povo brasileiro se encontra atolada dizendo que "este sabe muito bem que os míseros sobejos que aqui me chegam (sic) são parcela insignificante dos volumosos desperdícios do Estado brasileiro".

A fraude intelectual do argumento não passará despercebida. Quantos funcionários equivalentes ao PV existem nas estatais brasileiras? Qual o montante de recursos públicos que são destinados para os luxos e mordomias desses ditos "funcionários públicos"? Obviamente o problema não é individual, mas coletivo, e toda a nação alimenta, em algum nível, a esperança de que a solução para esse e outros descalabros surja de dentro da máquina pública. Estrutura essa que, na teoria, está aí para bem nos servir.

Mas esses são pontos mais complexos e sobre os quais não me sinto competente para discorrer com propriedade. Vamos ao ponto que pode soar mais mundano, mas que, por razões sentimentais, me tocam mais sensivelmente: a criação da pequena Vitória.

É cientificamente conhecida a importância que o afeto paternal tem no desenvolvimento emocional e intelectual das crianças durante os primeiros meses de vida. E é justamente nessa fase tão plena de significado e importância que o PV se faz ausente. Ausência que poderia ser justificada por qualquer motivo menos agotista e alheio à família do que viajar de férias a bordo de um transatlântico. E as justificativas de trabalho, pouco convincentes, elencadas pelo missivista não satisfazem nem ao leitor mais desatento. Todos sabemos o que acontece a bordo dessas embarcações de fama internacional.

Por último, quero defender o povo capixaba e amazonense, bem como toda a população do Estado de Sergipe, que foram injustificadamente vilipendiadas pelo meu adversário em letras que se arroga um certo ar de superioridade. De capital importância foram e são esses Estados e suas populações para a formação, consolidação e desenvolvimento do território nacional. Não preciso lembrar a ninguém os enormes valores pessoais e institucionais desses três Estados.

Com um abraço me despeço com um nó na garganta diante do descaso apresentado por alguém que eu considerava em alto grau.

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